quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Loção para pele teria matado a Rainha Hatshepsut?


Bom, essa matéria vai para minha esposa, que é uma admiradora da cultura egípcia e da "poderosa" faraó Hatshepsut. Para você Bruna!


Corpo de delito? O pequeno frasco de loção de Hatshepsut continha um resíduo cancerígeno do alcatrão. Crédito: Barbara Frommann/Universidade de Bonn.


A Rainha Hatshepsut, a grande faraó do Egito, pode ter hidratado a pele até provocar a própria morte, segundo uma nova e polêmica pesquisa que analisou o conteúdo de um frasco de cosmético.
Pesquisadores da Universidade de Bonn, na Alemanha, encontraram uma substância altamente carcinogênica em um frasco de loção que integra o acervo do Museu Egípcio da instituição.
Há muito tempo acredita-se que o pote conteria perfume e teria pertencido à própria Hatshepsut, segundo uma inscrição na cerâmica.
"Depois de dois anos de pesquisas, agora sabemos que o frasco continha um tipo de loção para a pele, ou até mesmo um medicamento para eczema”, anunciou a universidade em um comunicado.
Os ingredientes da loção incluíam grandes quantidades de óleo de palmeira e noz-moscada, gorduras polinsaturadas que podem aliviar os sintomas de determinadas doenças de pele, e também benzopireno, um hidrocarboneto aromático e altamente carcinogênico.
"O benzopireno é uma das mais perigosas substâncias conhecidas”, afirmou o farmacologista Helmut Wiedenfeld.
De uso proibido nos cosméticos modernos, os resíduos cancerígenos de alcatrão podem ser encontrados em substâncias incineradas e produtos como café, cigarros e alcatrão de ulha.
Templo de El Der El Bahari.Templo de Hatshepsut
"Sabemos há muito tempo que Hatshepsut sofria de câncer e talvez tenha até morrido em decorrência da doença. Agora descobrimos a causa provável”, afirmou Michael Höveler-Müller, o curador da coleção, acrescentando que há registros de dermatites inflamatórias de origem genética na família de Hatshepsut.
"Se a rainha sofria de uma dermatite crônica e obtinha alívio rápido com a loção, ela pode ter se exposto a um grande risco ao longo de muitos anos”, afirmou Wiedenfeld.
Sem dúvida uma das mulheres mais extraordinárias da história, Hatshepsut era filha do faraó Tutmés I e esposa de Tutmés II, seu meio-irmão.
Quando seu marido-irmão morreu, ela ela tornou-se regente do rei-menino Tutmés III, filho de Tutmés II e de uma concubina.
No entanto, inscrições hieroglíficas sugerem que Hatshepsut não tolerou a situação por muito tempo: envergando um toucado real e uma barba falsa, proclamou-se faraó do Egito.
Hatshepsut reinou de 1473 a 1458 antes de Cristo, como a quinta faraó da Décima Oitava Dinastia, tendo Amenófis e Tutancamon entre seus sucesssores.
Templo de El Der El Bahari.Templo de Hatshepsut
Durante seu governo, o Egito desfrutou de uma época próspera e pacífica. No entanto, após a morte de Hatshepsut, Tutmés III ficou enciumado com sua popularidade e decidiu apagar a rainha da história do Egito, destruindo suas imagens, inscrições e monumentos.
A múmia de Hatshepsut desapareceu durante muito tempo, e alguns estudiosos chegaram a sugerir que Tutmés III a havia destruído.
No entanto, em 2007, autoridades egípcias anunciaram que o corpo feminino encontrado na tumba KV60, descoberta por Carter em 190, havia sido identificado como a múmia de Hatshepsut.
A múmia revelou uma mulher acima do peso, com pouco mais um metro e meio de altura, careca na frente, mas com cabelos longos na parte de trás, que teria morrido por volta dos 50 anos.
Ao que parece, aquela mulher poderosa, que desafiara a tradição da supremacia masculina no Egito, possuía saúde frágil, ao menos nos últimos anos de vida.
Obesa e com dentes cariados, a múmia também guarda vestígios de um depósito canceroso, uma metástase no osso do quadril.
Entretanto, outros especialistas não estão convencidos de que Hatshepsut se envenenou até a morte enquanto tentava aliviar a coceira na pele.
Tutmósis e Hatshepsut
"Identificar a substância no óleo que ela usava não é o mesmo que realizar a autópsia no corpo e encontrar traços da mesma substância envenenadora na medula óssea”, esclarece a egiptóloga Paula Veiga.
Ainda não se sabe se Hatshepsut e membros de sua família sofriam realmente de alguma doença de pele.
Embora a múmia de Hatshepsut pareça exibir uma terrível enfermidade cutânea no rosto e no pescoço, os pesquisadores não puderam comprovar, de forma incontenstável, a existência de uma dermatite.
Suposta múmia de Hatshepsut
De fato, certas resinas usadas no processo de mumificação podem ter sido responsáveis pelas erupções encontradas na pele de Hatshepsut, de seu pai Tutmés I, de seu meio-irmão e marido Tutmés II, e de Amenófis II, o neto de Tutmés I.


Outros especialistas de um grupo do Facebook, o Forensic Egyptology, mostram-se céticos quanto à teoria do frasco envenenado. Radiografias revelam que o recipiente é constituído de duas partes, algo que “jamais apareceu nas cerâmicas antigas desse período”, contestou Veiga. "Pode ser uma falsificação”, acrescentou.

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