quarta-feira, 28 de março de 2012

Música Primitiva - Parte 2: Música Semi-civilizada

Cap. 2
Musica Semi-Civilizada

No Geral

A música entra em um estágio semicivilizado juntamente com outras atividades de desenvolvimento da sociedade. Quando as pessoas emergem de um hábito descuidado e irregular de selvageria, sua música geralmente atrai bastante raciocínio e habilidade para criar algum senso artístico. O avanço aparece na intensificação da destreza com sons e instrumentos, nos estilos de composição exatamente definidos e em algumas tentativas de literatura sobre música, incluindo, frequentemente o uso de notação musical.

O porquê de algumas pessoas cruzarem a linha e outras não é um enigma. Entretanto, pode ser que uma breve referência pode ser feita para certos sistemas desta grade, no passado ou presente, embora, mesmo nosso conhecimento sobre eles seja imperfeito e embora pareçam totalmente desconexos com nossa música.

Entre os sistemas existentes, aqueles da China, India e dos Maometanos serão enfatizados, e entre os sistemas antigos, aqueles da Mesopotâmia, dos Hebreus e dos
Egípcios – os últimos sendo mais que ‘semicivilizados’, embora a data decisiva seja falha.

China

Na literatura chinesa a música aparece como que tendo uma longa e honorável história em conexão com o Confucionismo e sobre o patrocínio da corte imperial.  Alguns dos templos musicais, hoje em dia, são incríveis e o sistema tonal e muitos instrumentos são notáveis. O status da música popular, hoje, como as escutadas nas ruas e teatros, é notoriamente baixo. Possivelmente o presente é um tempo de degeneração dos padrões antigos, ou talvez em tempos passados as sugestões de progresso eram parcialmente assimiladas de forma que não afetasse o uso geral. Parece que a música, quando chegou em um certo ponto se tornou fixada, sem a força ulterior do avanço.

A tradição atribui a origem da música à inspiração divina e nomeia o Imperador Fo-Hi (c. 3000 b.C.) e Hoang-Ti (c. 2600 b.C.) como os pioneiros na organização. Confucius (d. 478 b. C.) e seus discípulos mais estudiosos parecem ter favorecido um uso sério da música e uma especulação direcionada dela. É dito que atualmente centenas de tratados são existentes sobre arte, ao qual, sobre o conteúdo, é pouco conhecido por nós.

O sistema tonal é teoricamente complicado. É baseado em tetracordes, provavelmente como os Gregos, mas na prática ele tende à escala pentatônica, descartando os semitons.  Porém, a divisão da oitava em doze semitons também é conhecida e na teoria ela é aplicada um pouco intrincada. Os ritmos dos sons são enfáticos e quase sempre duplos. Alguns princípios de harmonia são conhecidos, mas raramente são usados, exceto para afinação.
FIG. 7 – “Pipas” Chinesas ou Biwas Japonesas.
FIG. 8 – Guitarra-Lua Chinesa ou Yuekin.
FIG. 9 – Ur-heen Chinês ou Kokiu Japonês.
FIG.10 – Chamisen Japonês, tocado por uma palheta de madeira com ponta de marfim.


Os tons das séries pentatonicas podem ser grosseiramente representados por nossos tons f,g,a,c,d. Eles recebem nomes Chineses fantásticos – ‘Emperador’, ‘Primeiro Ministro’, ‘Pessoas Subordinadas‘, ‘Assuntos de Estado’, ‘Figuras do Universo’. Para cada um deles há um character escrito, então estas melodias podem ser gravadas em uma escrita como notação, escrita verticalmente. Muitos estudos tem sido transcritos por estudantes estrangeiros. As bases destas pentatônicas lhes dão peculiaridade estranha, lembrando velhas músicas escocesas.
Os instrumenos chineses são numerosos e importantes. Mas o incerto é quais deles são indígenas e quais deles são emprestados de outras partes da Ásia. Escritores nativos dizem que a natureza provê oito materiais de produção de som – pele, pedra, metal, argila, madeira, bambu, seda, cabaça – e classificam estes instrumentos de acordo.
Assim, o uso de peles é encontrado em tamborins e tambores manufaturados, com uma ou duas cabeças, os tamanhos variam até grandes tons montados em pedestais. A pedra aparece em chapas de jade ou ágape em um conjunto graduado, segurado por cordas por uma moldura e é tocada por um bastão, produzindo um som macio e de tom sonoro. O metal é encontrado em gongos, ximbais, sinos de muitos tamanhos e formas e em instrumentos de sopro também. A madeira forma os corpos de instrumentos de corda. O bambu provê tubos, os instrumentos de sopro e o “Cheng” (fig. 12). A seda provê cordas para a cítara, alaúde, violinos e violas. A cabaça faz a bacia ressonante do “cheng” dentre outros instrumentos.

O sistema musical japonês foi derivado da China, mas depois de tanto tempo ele acabou se distinguindo.Os instrumentos Japoneses são no geral réplicas dos Chineses, porém com maior variação de detalhes e normalmente com maior beleza externa.


Índia – Os detalhes da música Hindu são mais conhecidos que os da música Chinesa. Evidententemente, do tempo das imigrações Arias (c. 2000 a.C) havia muita atenção direcionada a arte. Mas desde que a Índia foi invadida repetidademente e mesmo subjugada por povos estrangeiros e como ela tem ficado por anos em comércio fechado com os países ocidentais, ninguém consegue dizer qual é sua música original.

Lendas nativas atribuem à música como presente dos deuses e noções místicas (sobrenaturais) e míticas (lendária) são frequentes na nomenclatura musical e escrita. Há muitas referências sobre música nas velhas literaturas e tratados de música têm sido acumulados por séculos. A teorização tem uma incrível complexidade.

A música existe principalmente na forma popular de canção e como acompanhamento para dança. Nas cerimônias religiosas é menos freqüente, embora um pouco é usada tanto para Brahmins e Budistas. O canto de poemas é universal, desde os velhos odes Sanscritos até as baladas de origem moderna.
O sistema tonal repousa sobre uma divisão primária de oitava em sete passos, mas para ser mais exato, em vinte e duas quase iguais “sruts” ou “quarto-de-passo”. Estes últimos não são usados em qualquer escala simples, mas servem para definir com precisão várias escalas de sete tons que diferem na localização dos passos curtos (como nos modos medievais Europeus). A teoria é tão refinada que nomeia 1000 possíveis variações de escalas (não como na mitologia que menciona 16.000). Na prática não aparecem mais que vinte destas, seu uso variando de localização e tribo. Muitas destas escalas são um pouco aparentadas com as nossas então, algumas melodias sugerem modos comuns. A entonação é costumeiramente obscurecida pela abundância de decoração melódica. Muitos sons são prazerosos e expressivos para o gosto Ocidental, os antigos tinham muita dignidade, porém o canto popular frequentemente tende a efeitos estranhos e curiosos, provavelmente por influência Mulçumana.

A arte de fazer instrumentos também foi minuciosamente estudada como a teoria das escalas. Quase todas as espécies de instrumentos portáteis são conhecidas em muitas variedades. Escritores nativos indicam quatro classes – aqueles com cordas, aqueles com membranas que soam por batidas, aqueles que são atingidos em pares e aqueles que soam com vento. Destes o grupo das cordas é de longe o mais característico e admirado.

Instrumentos percussivos incluem vários tambores, tamborins, ximbals, gongos, etc. Instrumentos de sopro incluem muitas flautas (embora não seja comum o tipo “transversal’), oboés, gaitas de fole, trompetas e trompas.

Certos modelos são direcionados para classes específicas, como padres, andarilhos ou dançarinas.

O instrumento característico é a “Vina”, que é feita de muitas maneiras, custumeiramente com um corpo de cilindro de madeira ou bambu reforçado por de uma à três cabaças ressonadoras e tendo de seis a sete cordas, tocadas normalmente como a cítara ou alaúde, mas algumas vezes com arco.

A música em muitos países do sudoeste da Ásia apresenta características perplexas onde os elementos Chineses, Hindus e Mulçumanos são miscigenados.

Os Muçulmanos

A música associada à cultura Árabe e aos muçulmanos é mais difundidade que outras desta classe.  Ainda é uma das mais complexas por essa mesma razão. É duvidoso que haja qualquer música real Árabe, ou seja, música que seja Árabe como cultura. Porém, em conexão com a extensão do muçulmanismo (desde o século 8) ao longo do Mediterrâneo até o Atlântico, bem como ao sul da Ásia e centro da África,  a música tem sido muito proeminente (tem tido grande destaque). Por isso tipos de musicas chamadas Árabes aparecem entre os Saracenos e Mouros, no Egito e entre os Turcos. Sem dúvida incluem-se origens Persas, dos gregos e de todos os tipos de culturas locais. O quebra-cabeça histórico apresentado é insolucionável.

Previamente estabelecida, a escala na característica muçulmana, envolve a primeira divisão de oitava em sete passos derivados de uma divisão teórica de dezessete, cada uma, igual a mais ou menos um terço de um passo inteiro. O método exato para determinar estas escalas é contestado. Há pelo menos dezoito escalas de sete tons, dependo da localização dos passos mais curtos.

Os ritmos e padrões métricos são derivados da poesia e variam muito. A harmonia não é cultivada, exceto nas formas mais rudes. Muitos dizem que os instrumentos Árabes são provavelmente Persas. Um destes é o “Santir”, um xilofone ou cítara com muitas cordas, aparentado do “Kanoon” encontrado no Egito e em outros países adjacentes.

Sistemas Antigos

Babilônia e Assíria
Nós sabemos muito pouco sobre a música antiga Mesopotâmica, exceto aquela que os monumentos descrevem alguns instrumentos e implicam o uso do canto e da dança. Nós presumimos que a música era usada como elementos religiosos e com funções cívicas, grupos de performance, formando grandes procissões e sendo aplicada sobre os cuidados de um “padre” ou líder religioso (sacerdote).

Entre os instrumentos descritos há harpas, xilofone, liras e muitos tipos de flautas, alaúdes, trompetes e tambores. As harpas tem muitas cordas, esticadas a partir do corpo ou para trás para um braço horizontal, mas sem pilar de sustentamento. Os “xilofones” parecem consistir de uma caixa rasa segura horizontalmente, sobre o qual cordas de metal são esticadas, sendo tocadas por um martelinho que as fazem soar. As liras assemelham-se aquelas encontradas entre os Gregos. Parece que todos os instrumentos Hebreus são baseados em protótipos Babilônios.

Israel

A origem dos Hebreus parece ter sido na Arábia, mas sua posição geográfica envolve contato próximo com a Mesopotâmia por um lado e com o Egito por outro. De todas as maneiras em sua cultura eles são imitadores, então acreditamos que sua música é derivada de outras culturas.

Todas as datas importantes sobre a música hebraica vem do velho Testamento, ao qual consiste de escritos compilados mais ou menos VIII a.C., com algumas crônicas encontradas por volta de III a.C.

As aplicações mais novas da música foram feitas por bandas de “profetas” (organizadas sobre os cuidados de Samuel antes de 1000 a.C.) como forma de indução ao êxtase.  Provavelmente utilizada de primeira instância no Primeiro Templo (construído por volta de 950 a.C. embora essa data seja imprecisa).


Algumas melodias aparentemente são mencionadas nas notas editorias de alguns Salmos, mas como ou o que são é desconhecido. É suposto também que vários termos encontrados nos textos poéticos foram originariamente marcas de tratamento musical, porém sua data também é imprecisa.

Egito

É evidente que deste os primeiros tempos os Egípcios antigos eram extremamente afeiçoados à música, especialmente como diversão social, como luxo e em cerimônias  religiosas. Era unificada com, é claro, a poesia e com muitos tipos de dança. Cantores profissionais, tocadores e dançarinos eram comuns e muito bem treinados. Entre os músicos oficiais da corte eram frequentemente nomeados como proeminentes (como cargos superiores). É provável que o cultivo da música fosse uma das muitas funções dos sacerdotes.

Os Egípcios eram zelosos na construção e adorno na construção de seus registros e o ambiente preservava o que eles escreviam como em nenhum outro lugar do mundo. De acordo, nas delimitações existentes em monumentos, bem como no papiro e em muitos objetos, nós encontramos muitos dados para a reconstrução da vida do povo. O uso da música era difundido e abundante, sendo a mais conhecida de todas as antigas civilizações. Porém ainda não foi encontrada nenhuma notação musical proveniente dos egípcios. Há algumas supostas evidências para identificação dos tipos de escala, embora dos instrumentos existentes, as melodias seriam basicamente diatônicas. Existia algum uso prático de harmonia decorrente da representação de grupos de performance que atuavam em concertos e pelo tamanho das harpas e liras. Cantores e dançarinos eram acompanhados com palmas para marcar o ritmo.

A importância histórica dessa atividade musical extensa é evidente, sendo que no séc. VII a.C. o Egito foi aberto aos Gregos, e o intercurso com o norte e oeste rapidamente aumentou, até que o Egito acabasse se tornando um dos centros da cultura grega. Praticamente em todos os trabalhos importantes de teoria musical Grega foram escritos no Egito e nenhum deles indica que a visão Egípcia difere radicalmente da Grega. Por isso há uma conclusão de que as idéias gregas sobre música foram extremamente influenciadas pelos Egípcios.

Os instrumentos egípcios tem uma enorme variedade. Aparentemente eles foram desenvolvidos para um resultado tonal, sem atenção excessiva para ornamentação, embora algumas das harpas sejam muito ricas. Eles eram regularmente usados em interessantes combinações.

Instrumentos de corda eram evidentemente os favoritos. Sendo as harpas, em primeiro lugar, em seguida as liras e os menos importantes sendo os aerofones, flautas. Os instrumentos percussivos tinham uma variedade enorme sendo feitos desde ossos a metais.

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