domingo, 27 de novembro de 2011

Escala Pentatônica de Am (Lá menor)

ESCALA PENTATÔNICA

Primeiro post de material de estudo para violão e guitarra. Aguardem pois haverá muitas novidades!
Ao contrário do que muitos pensam, a escala Pentatônica é muito antiga e também é muito utilizada no mundo todo. Em tese ela possui origens mongólicas e japonesas e desempenha um papel muito importante em toda a música oriental, africana e celta.

A escala Pentatônica é uma escala composta por cinco notas, é uma escala referência no Blues, Rock' N Roll e muitos outros estilos musicais. A escala possui cinco notas com o propósito de se evitar o Cluster (Clâster) – Cluster é a sonoridade produzida quando tocamos duas notas que compreendem um intervalo de semitom, ou seja, numa escala de Dó Maior (a exemplo) se dois guitarristas tocam simultaneamente um a nota E (Mi), e o outro a nota F (Fá), é clara e bem audível a desafinação que elas causarão pela proximidade das duas notas (tecnicamente consiste no intervalo harmônica de segunda menor). A intenção da escala Pentatônica é de que não ocorra em momento algum de a melodia se chocar com as notas dos acordes que formas a base (harmonia), isso torna fácil a improvisação quando se sabe aplicar corretamente a escala Pentatônica.

Para se estudar a pentatônica é bem simples, pense que os dedos devem manter um região de quatro casas, se deslocando no máximo uma casa para esquerda ou direita.
Parte prática
Observe o desenho:




Para lermos as escalas é bem simples, no desenho do braço, a corda 6 (ou mizão, E - mi - grave) é embaixo, e a corda 1 (mizinha ou E - mi - agudo) é em cima. O dedo 1 (indicador) vai na primeira nota de cada corda do lado esquerdo, partindo dele conta-se quatro casas pois cada casa corresponderá a um dedo da mão, indicador, médio, anelar e minimo. A bolinha circulada por outro círculo maior, é a tônica da escala. Tônica é a nota que dá nome à escala, logo é a nota A.

As notas da escala são: A C D E G

Cada desenho parte de uma nota (levando em consideração que se comece da corda 6 o E grave - ou bordão -, da esquerda para a direita) respectivamente (desenho de 1 à 5): G sol, A lá, C dó, D ré, E mí.

Por hoje é só pessoal! That's all Folks!

Breve história de Les Paul - O Criador da guitarra de mesmo nome e da gravação Multicanal

Carreira
 
Começou a se interessar por música aos oito anos de idade, quando começou a tocar gaita. Logo aprendeu banjo e posteriormente guitarra. Aos 13 anos de idade já era guitarrista de música country e já tocava profissionalmente.
Após participar de algumas bandas, Paul lançou seus dois primeiros discos em 1936: um deles com o nome de Rhubarb Red, e outro como músico da banda de Georgia White. Aos poucos Les Paul adquiria fama e surpreendia o mundo inteiro por seu talento fantástico com o instrumento e sua virtuosidade e velocidade anormal nos solos, que até os dias atuais surpreende a todos que o ouvem.


Guitarras
Uma guitarra Les Paul.Após anos tocando fabricando suas próprias guitarras e inovando com novos modelos e características de fabricação, cria uma das primeiras guitarras com corpo de madeira sólido. A Gibson Guitar Corporation fabricou algumas dessas guitarras, mas não quis assiná-las com logo da marca. Após alguns anos, a fabricante mudou de ideia.

Gravação Multicanal

 
 Les Paul foi também o criador da gravação multicanal. Em 1948, a Capitol Records lançou uma gravação que havia começado como um experimento na garagem de Paul, intitulada "Lover (When You're Near Me)", na qual Paul tocou oito partes diferentes na guitarra, algumas gravadas em meia velocidade, portanto soando no dobro da velocidade quando tocadas normalmente para a produção da gravação master. A canção "Brazil", similarmente gravada, estava no lado B.
Esta foi a primeira vez que uma gravação multicanal foi realizada.
Estas gravações não foram feitas com fita magnética, mas com discos de acetato. Paul gravava uma trilha em um disco e então gravava a si mesmo tocando uma segunda parte junto com o disco em um segundo disco e assim sucessivamente. Ele construiu a gravação multicanal com trilhas sobrepostas, ao invés de paralelas como ele mesmo fez mais tarde. Até chegar em um resultado com o qual estava satisfeito, ele descartou aproximadamente 500 discos de acetato.
Morte

Em 12 de agosto de 2009, Paul morreu de complicações de pneumonia no White Plains Hospital (em White Plains - Nova Iorque). Sua família e seus amigos estavam ao seu lado, Paul deixou quatro filhos e sua esposa Arlene Palmer.
Ao saber da sua morte, muitos artistas e músicos homenagearam-no e expressaram publicamente sua tristeza. O ex guitarrista do Guns N' Roses, Slash, o chamou de "vibrante e cheio de energia positiva". O guitarrista do U2, The Edge, disse: "Seu legado como músico e inventor vai viver e sua influência sobre o rock nunca será esquecida".
Em 21 de agosto de 2009, ele foi enterrado em Waukesha no Cemitério Prairie Home, indicando que seu túmulo seria uma área onde os visitantes pudessem facilmente visualizar. Tal como o seu funeral, em Nova Iorque em 19 de agosto, o enterro foi privado, mas no início do dia uma exibição pública de memorial do caixão fechado foi realizada em Milwaukee no Discovery World, com 1.500 pessoas a quem foi oferecida
a admissão livre a Les Paul House of Sound.

Bebês nadam e dançam com os pais para dormir melhor; veja

Durante a gravidez não faltam opções para a mulher se exercitar. Hidroginástica, pilates, ioga. Mas, e depois do parto? Cada vez mais as novas mamães têm encontrado oportunidade de voltar a fazer atividade logo após o nascimento do filho e o melhor: com o bebê a tiracolo.
A fisioterapeuta Ana Carolina Corrêa Freitas Salazar, 28, voltou a se mexer quatro meses após o parto. Gabriel, hoje com nove meses, faz natação três vezes por semana e dança materna às quintas-feiras na Casa Moara, no Brooklin (zona sul de SP). Para a mãezona, o melhor de tudo é o vínculo que cada dia se fortalece mais com o seu bebê. "É uma hora de relaxar e ao mesmo tempo curtir bastante o neném", comenta.
Na dança materna, Ana Carolina e as colegas de classe dançam com os pequenos acomodados em slings --espécie de canguru feito de pano-- que permite à mãe se movimentar livremente mesmo carregando o bebê. A empreendedora social Lais Fleury, 37, fez na semana passada uma aula experimental com a filha Alícia, seis meses, e aprovou. "O bacana que para o bebê tudo não passa de uma grande brincadeira que podemos fazer em casa também."
A professora da dança materna, Tatiana Tardioli, 34, conta que, além do vínculo com o bebê, a aula permite a ressocialização da mãe no pós-parto, além de melhorar dores nas costas e posturas na hora de carregar a criança. E os benefícios para as crianças também são visíveis. Além de gargalhadas durante a atividade, as mães contam que os bebês dormem e comem melhor nos dias de aula.
Outra opção que cada dia tem ganhado mais adeptos é o baby ioga. A instrutora de ioga e doula Priscila Cavalcanti, 46, da BarrigaBoa, diz que a atividade pode ser iniciada após 30 dias do parto. A aula --com duração, em média, de 45 minutos-- pode ser individual ou em grupo.
"Sempre temos que respeitar o tempo do bebê. Muitas vezes eles querem mamar, a mãe precisa trocar fralda. A aula é feita no tempo dele", explica. Priscila conta que todo o trabalho é voltado para relaxar o bebê e buscar o seu bem-estar.
"O tempo todo a mãe faz contato visual com o filho, o que aumenta o vínculo. Na aula, a mãe faz massagens no bebê o que o auxilia a dormir melhor e até evitar as cólicas."

NATAÇÃO

Uma opção que é mais comum nas academias da capital é a natação para bebês, mas nesta atividade os benefícios são voltados mais para a criança.
Renata Saad Torres de Oliveira, 38, é professora de natação da Pool Sports, na Aclimação (zona sul), e diz que a idade para começar a atividade varia de acordo com o pediatra do bebê.
"Alguns liberam após os quatro meses e outros somente após um ano", explica. Além de imersões, a aula ajuda a melhorar o tônus muscular e o sistema cardiorrespiratório da criança.
A bancária Débora Grilla Marra, 35, começou no mês passado a levar na natação a filha Giulia, 1 ano e seis meses, e já sentiu os benefícios. "Além de perder o medo da água, ela dorme bem melhor no dia de aula", conta a mãe.

A Epopéia de Gilgamesh

Valéria de Oliveira
Você sabe qual foi a primeira história registrada na forma escrita? Engana-se quem acha que foi "A Odisséia", de Homero. Segundo arqueólogos, a epopéia de Gilgamesh é a obra mais antiga de todo o planeta. Foi escrita em sumério cerca de 2.600 a. C. Os sumérios foram os mais antigos habitantes da Mesopotâmia e inventaram a escrita cuneiforme (em forma de cunha). O texto foi encontrado entre 669-626 d.C. na biblioteca de Assurbanipal em sua versão Assíria. Consta de 12 tabuletas, sendo que a última foi retirada de várias traduções por razões lingüísticas e arqueológicas.
O texto conta as aventuras do histórico rei de Uruk: Gilgamesh, "Sha nagb imuru" ou "aquele que tudo viu". O rei é um herói, um ser superior:
"Dois terços dele são deus, um terço dele é humano. Seu corpo é perfeito, os deuses o completaram. E sua mãe, Ninsun, ainda a dotou de beleza. (...) No recinto de Uruk ele vivia (...) com força tão grande como a de um boi selvagem" (Os trechos entre parenteses com reticências são trechos em que as tabuletas não puderam ser traduzidas).
Gilgamesh precisa enfrentar um ser feito à sua réplica, Enkidu. Ele é o deus da vegetação, um humano sem a marca da humanização.
Após uma luta de força, tornam-se amigos e viajam enfrentando perigos e vivendo várias aventuras.A epopéia é uma obra que tem como objeto o homem superior. É feita em verso em metro único e forma narrativa. A métrica, de verso heróico, é construida com vocábulos raros e metafóricos. Não há limite de tempo, ao contrário da tragédia. A estrutura é composta pelo reconhecimento, as peripécias e as catástrofes.
Os estudos mostram que a obra é na realidade um mito que foi transmitido por via oral e que era conhecido desde o sul da Babilônia até a Ásia menor.

Mistérios da Epopéia de Gilgamesh
Representação de Gilgamesh, o "Rei Herói"

Em fins do século dezenove foram descobertas, na colina de Kuyundjik, Kazaquistão, doze placas de argila escritas em sumério acádico, descrevendo uma grande epopéia heróica: trata-se da primeira narrativa registrada em forma escrita da História: A Epopéia de Gilgamesh.
Segundo arqueólogos, a epopéia de Gilgamesh é a obra mais antiga de todo o planeta (anterior à 'A odisséia' de Homero), escrita, aproximadamente, em 2.600 aC.
Os sumérios foram os mais antigos habitantes da Mesopotâmia e inventaram a escrita cuneiforme (em forma de cunha). - Em sua versão Assíria, o texto foi encontrado entre 669-626 dC., na biblioteca de Assurbanipal. - Consta de 12 tábuas, sendo que a última foi retirada de várias traduções, por razões lingüísticas e arqueológicas.
O texto conta aventuras vividas por Gilgamesh, um rei de Uruk na Babilônia, hoje Iraque: Gilgamesh é "Sha nagb imuru" ou "aquele que tudo viu", assim descrito:
"Dois terços dele são deus, um terço dele é humano. Seu corpo é perfeito, os deuses o completaram. E sua mãe, Ninsun, ainda o dotou de beleza. (...) No recinto de Uruk ele vivia (...) com força tão grande quanto a de um boi selvagem" - Primeira Tábua (Os parênteses com reticências são trechos em que as tabuletas não puderam ser traduzidas).
Estudos mostram que a história descrita na obra provavelmente era conhecida desde o sul da Babilônia até a Ásia menor. - A Epopéia de Gilgamesh descreve episódios tão extraordinários que dificilmente poderiam ter sido simplesmente inventados por algum escritor da época. - Um aspecto seu que chama muito a atenção é o fato de conter um relato extremamente semelhante ao do Dilúvio descrito no Antigo Testamento da Bíblia.

Conta Utnapishtim que os deuses o advertiram da grande maré vindoura e lhe deram ordem para construir um barco onde deveria recolher mulheres e crianças, seus parentes e artesãos de qualquer ramo de arte. A descrição da tempestade, das trevas, das águas subindo e do desespero dos homens que ele não podia levar, é de uma força narrativa ainda hoje cativante.
O texto contém também o relato de uma viagem cósmica, comunicado por Enkidu, uma espécie de humanóide gigante e melhor amigo de Gilgamesh, que teria voado por quatro horas nas "garras de bronze de uma águia"... O relato textual diz:
"Ela me falou: - Olha para baixo sobre a Terra! Que aspecto tem? Olha para o mar! Como te parece?
E a Terra era como uma montanha, e o mar como uma poça d'água.
E novamente voou ela mais alto e me falou: - Olha para baixo sobre a Terra! Que aspecto tem? Olha sobre o mar! Como te parece?
E a Terra era como um jardim, e o mar como um córrego.
E voou além: - Olha para baixo sobre a Terra! Que aspecto tem? Olha sobre o mar! Como te parece?
E a Terra parecia um mingau de farinha, e o mar era como uma barrica d'água"
- Sétima tábua
Muito interessante observar que esta mesma descrição foi dada pelos astronautas da Apollo 11, a primeira missão tripulada a pousar na Lua. - Um relato correto demais, feito numa época em que, teoricamente, ninguém poderia descrever a visão do nosso planeta visto de cima...

Terra vista do espaço

Fragmentos das tábuas que contém a grande epopéia
 



A Epopéia de Gilgamesh pode ser lida, aqui no Brasil, pela versão da Editora Martins Fontes. Vale a pena, pela aventura e pela fascinante viagem ao modo de pensar do mundo antigo.

 A INFLUÊNCIA DA EPOPÉIA DE GILGAMESH NA ESCRITA DO GÊNESIS

Eric Thomas Follmann
Núcleo de Estudos Históricos e Arqueológicos UNIANDRADE
ehfollmann@hotmail.com
“O passado das civilizações nada mais é que a história dos empréstimos que elas fizeram umas às outras ao longo dos séculos ...”
FERNAND BRAUDEL

1. Da “corrida ao ouro bíblico” à nova historicidade das sagradas escrituras.

Em meados do século XIX, após a descoberta na antiga cidade de Nínive da biblioteca do imperador assírio Assurbanípal (668-627 a.C.), o mundo redescobriu as antigas grandes civilizações da Mesopotâmia em tábuas de argila contendo escritos em sinais mais tarde denominados cuneiformes. Civilizações estas de que até então, o pouco que se conhecia estava contido nos livros da Bíblia, em informações “escassas e pouco reveladoras, uma vez que estavam diretamente relacionadas com a história do povo hebreu”.(CORREA, 200-, p. 2).
Tais descobertas deram início a uma espécie de “corrida ao ouro bíblico” que propunha evidenciar arqueológicamente as sagradas escrituras. Outras ruínas então, como as de Uruk, Ur e Nipur, começaram ser escavadas e revelaram mais inscrições sobre o passado do Oriente Próximo. 
Detalhe das escavações em Ur

Estas descobertas abalaram toda a comunidade científica e religiosa do século XIX, laicizando muitos dos objetivos iniciais, modificando métodos dos pesquisadores, e abrindo precedentes para o questionamento da veracidade dos textos bíblicos.

Nas últimas quatro décadas, diferentes estudos estão sendo realizados sobre os temas levantados no século XIX, tanto pela comunidade científica como em grande parte pela comunidade religiosa, fazendo com que sejam discutidos os elementos mitológicos presentes na confecção dos livros que compõe o Pentateuco2, que vão desde a formação do mundo à existência histórica dos seus patriarcas.
Há uma tentativa, nos dias atuais, por parte de arqueólogos e historiadores de remontar a bíblia separando o que é história do que são mitos e lendas.

"Apesar das paixões suscitadas por este tema, nós acreditamos que uma reavaliação dos achados das escavações mais antigas e as contínuas descobertas feitas pelas novas escavações deixaram claro que os estudiosos devem agora abordar os problemas das origens bíblicas e da antiga sociedade israelita de uma nova perspectiva, completamente diferente da anterior. (…) A história do antigo Israel e o nascimento de suas escrituras sagradas a partir de uma nova perspectiva, uma perspectiva arqueológica.” (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2001, pp. V-VI, p. 1).

2. Da teogonia à teofania.


Paralelamente às discussões bíblicas, as descobertas feitas pelas escavações remontam os três milênios que antecedem à Cristo, onde a região entre os rio Tigre e Eufrates viu a ascensão e queda de grandes civilizações como os sumérios, acádios, assírios e babilônicos.
Dos textos traduzidos, vários deles incompletos devido ao estado de conservação dos mesmos, pôde-se extrair muito da filosofia e da mitologia mesopotâmicas, onde podemos observar que “o Oriente antigo, antes da Bíblia, e mesmo abstraindo-se dela, não desconhecia a reflexão sobre o homem. (...) As questões fundamentais da existência, da felicidade e da infelicidade, da relação com as potências cósmicas e com o domínio misterioso dos deuses, do sentido da vida e das incertezas do destino, já tinham neles um lugar de grande importância”.(GRELOT, 1980, p. 13).
Neste universo de descobertas, os sumérios e os acadianos revelam-se fornecedores de costumes, rituais e modelos literários a todos os povos do Oriente Médio3. Suas lendas, se consideradas como o primeiro repositório das recordações históricas dos povos do oriente antigo, “se transformaram, se esquematizaram, se reagruparam, mudaram eventualmente de país, se ampliaram, às vezes, desmedidamente” (GRELOT, 1980, p. 13), onde cada cultura apropriou-se de um mito conforme a sua ótica4.
Não diferente desta regra, os israelitas inovaram ao excluir todo um panteão, centralizando sua fé num deus único, propondo uma desmitização do universo transformando as forças cósmicas ao que de fato são. A situação do homem diante de Deus modifica-se totalmente, “embora, na prática, a adaptação da mentalidade corrente dos israelitas a essa mudança radical se tenha processado lentamente e com dificuldade” (GRELOT, 1980, p. 15), mantendo grande parte do antigo modo de expressar religioso herdado dos sumérios e acádios.
Desta forma, Israel começa a escrever sua própria história, ora compilando fatos de seu próprio povo em grandiosas lendas, ora adaptando mitos antigos à sua realidade e aos seus propósitos. As histórias contidas na parte hebraica da bíblia, embora difíceis de serem datadas pelos anacronismos que ali apresentam5, foram compiladas e ordenadas “principalmente, no tempo do rei Josias (640-609 a.C.), para oferecer uma legitimação ideológica para ambições políticas e reformas religiosas específicas”.(FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2001, p. 14).

3. A Epopéia de Gilgamesh e sua influência sobre demais literaturas do mundo antigo.

Considerada a mais antiga obra literária da humanidade, a Epopéia de Gilgamesh na sua forma “tardia” (século VII a.C.) como é difundida no Ocidente (TIGAY6 citado por ZILBERMAN (1998, p. 58)), não foge à regra das obras de origens mesopotâmicas: um compilado de lendas e poemas, cuja origem e veracidade perdem-se na difusão oral, adaptação cultural e textos fragmentados.
As narrativas contidas na epopéia deviam ser muito populares em sua época, pois são encontradas em várias versões escritas por vários povos e línguas diferentes, sendo que as primeiras versões da mesma, datam do Período Babilônico Antigo (2000-1600 a.C.), podendo ter surgido muito antes7, pois o herói desta epopéia é o lendário rei sumério Gilgamesh, quinto rei da primeira dinastia pós-diluviana de Uruk, que teria vivido no período protodinástico II (2750-2600 a.C.)8.
Devido à sua antiguidade e originalidade, muito se especula sobre a influência desta sobre textos mais difundidos e conhecidos pela humanidade, como os poemas épicos gregos Ilíada e Odisséia de Homero, escritos entre VIII e VII a.C.. Mas a polêmica é maior quando se comparados às narrativas do Pentateuco, a parte mais antiga do Velho Testamento, datadas do Primeiro Milênio a.C.. No caso desta última, o que legitima-nos a observar as influências, além de semelhanças impressionantes, o próprio contexto histórico e geográfico. Contexto este em que a origem dos hebreus e das grandes civilizações semitas são mescladas com a própria história do povo sumério. Históricos períodos de cativeiro, onde a aculturação era, além de inevitável pelas circunstâncias de sobrevivência, uma forma de dominação ideológica:

“O povo dominado era absorvido pelos nativos ao serem levados, havia a destruição total da nacionalidade, do culto, das instituições, nada ficando que pudesse ser lembrado a fim de que jamais alguém se encorajasse a agir em favor de uma reconstrução. Todo o elemento que representasse qualquer valor moral ou intelectual era desterrado e em seu lugar era posto outro povo trazido de outras regiões.”
(LOPES, 200-, p. 2).

4. A semelhança entre as narrações.


Representação de Gilgamesh e Enkidu

As semelhanças narrativas encontradas entre Epopéia de Gilgamesh e o Livro do Gênesis iniciam-se logo nos primeiros versículos da bíblia, ou seja, na criação do homem. O povo de Uruk, descontente com a arrogância e luxúria do rei Gilgamesh, exige dos seus deuses a criação de um homem que fosse o reflexo do rei, e tão poderoso quanto ele para que pudesse enfrentá-lo e redimi-lo. O deus Anu, ouvindo o lamento da população, ordenou a Aruru, deusa da criação, que fizesse Enkidu:
“A deusa então concebeu em sua mente uma imagem cuja essência era a mesma de Anu, o deus do firmamento. Ela mergulhou as mãos na água e tomou um pedaço de barro; ela o deixou cair na selva, e assim foi criado o nobre Enkidu”.(SANDARS, 1992, p. 94).
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.(GENESIS, cap. 1, ver. 26).
“Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente”.(GENESIS, cap. 2, ver. 7).
Enkidu foi criado inocente, longe da malícia da civilização, vivendo entre as criaturas selvagens e compartilhando a natureza com elas:
“Ele era inocente a respeito do homem e nada conhecia do cultivo da terra. Enkidu comia grama nas colinas junto com as gazelas e rondava os poços de água com os animais da floresta; junto com os rebanhos de animais de caça, ele se alegrava com a água”.(SANDARS, 1992, p. 94).
“Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra e a todas as aves dos céus e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento”. (GENESIS, cap. 1, ver. 29-30).
O rei Gilgamesh, sabendo da existência de Enkidu, incube uma missão a uma das prostitutas sagradas do templo da deusa Ishtar (deusa do amor e da fertilidade): seduzir Enkidu e trazê-lo para dentro das muralhas de Uruk. Enkidu deixou-se seduzir pela rameira e perdeu sua inocência, além de seu poder selvagem, tornando-se conhecedor da malícia do homem. Arrependido, lamenta-se, mas a rameira consola-o enfatizando as vantagens desta nova vida que está por vir:
“Enkidu perdera sua força pois agora tinha o conhecimento dentro de si, e os pensamentos do homem ocupavam seu coração”.(SANDARS, 1992, p. 96).
“Olho para ti e vejo que agora és como um deus. Por que anseias por voltar a correr pelos campos como as feras do mato?” (SANDARS, 1992, p. 99).
“Porque Deus sabe que no dia em que comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (GENESIS, cap. 2, ver. 5).
Nesta comparação com a tentação no Éden, não identificamos diretamente os fatos, mas sim, as idéias. A prostituta sagrada, condenada também em outros livros da bíblia, pode ser compilada como o fruto proibido, a serpente e a própria Eva, com o poder de seduzir o homem e tirar sua inocência com falsas promessas.
Este se irrita com Enkidu, por profanar a floresta sagrada dos cedros inferiorizando-o e humilhando-o com palavras semelhantes às palavras de Deus, ao condenar o homem por comer do fruto proibido. Novamente não vemos relação direta entre os fatos, mas uma linha comum de pensamento é verificada entre os textos onde, a profanação e a desobediência são punidas com a servidão:

“… tu, um mercenário, que depende do trabalho para obter teu pão!” (SANDARS, 1992, p. 119).
“… maldita é a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias da tua vida”.(GENESIS, cap. 3, ver. 16).
“No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado”.(GENESIS, cap. 3, ver. 19).
Os heróis, com a ajuda de Shamash (deus sol, protetor de Gilgamesh), matam o monstro Humbaba cortando-lhe a cabeça. Fato que irritou o poderoso Enlil (deus da terra, do vento e do ar universal), que exigiu a vida de um dos heróis pelo insulto.
A deusa Ishtar, vendo a força e beleza do herói, apaixona-se por Gilgamesh que a despreza, provocando a cólera da deusa. Então, Ishtar enviou a terra, um monstro com a missão de destruir o herói: o Touro Celeste. Mas a dupla de heróis novamente é vitoriosa. Então, Enkidu zomba da deusa derrotada atirando-lhe pedaços do touro mutilado. Enlil enfurecido com a atitude do mortal decide enfim qual dos dois heróis deverá morrer. Enkidu então adoece e, sucumbindo à doença, impulsiona o rei Gilgamesh a sua missão final: a busca da imortalidade.
A primeira semelhança encontrada pelos tradutores das tábuas em escrita cuneiforme é a mais impressionante. Foi a mola propulsora de toda a discussão sobre a veracidade dos textos bíblicos, pois a descrição do dilúvio não só é a mais bem conservada tábua de toda a epopéia, mas a mais rica em detalhes e semelhanças com a descrição no Gênesis. Além de que, outras narrativas do dilúvio foram encontradas em forma de poemas isolados e com outros personagens, como as tábuas de Atra-Hasis, a Epopéia de Erra, e os textos do rei Ziusudra9.
Na epopéia, Gilgamesh parte em busca da imortalidade, e para isso, precisa obter este segredo dos deuses com o imortal Utnapishtim (Noé do Gênesis). Para encontrar o imortal, Gilgamesh enfrentou uma longa jornada, cheia de perigos e provações. Ao encontrar Utnapishtim, ouve que este não poderá lhe tornar imortal, mas poderá revelar ao herói como se tornara um e conta do dia em que os deuses, desgostosos com a sua criação (a humanidade), resolveram eliminá-la da terra:
“Naqueles dias a terra fervilhava, os homens multiplicavam-se e o mundo bramia como um touro selvagem. Este tumulto despertou o grande deus. Enlil ouviu o alvoroço e disse aos deuses reunidos em conselho: ‘O alvoroço dos humanos é intolerável, e o sono já não é mais possível por causa da balbúrdia.’ Os deuses então concordaram em exterminar a raça humana”.(SANDARS, 1992, p. 149).
“Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”.(GENESIS, cap. 6, ver. 5).
“A terra estava corrompida à vista de Deus, e cheia de violência”.(GENESIS, cap. 6, ver 11).
“Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis, e as aves do céu; porque me arrependo de os haver feito”.(GENESIS, cap. 6, ver 7).
Ea (deus da água doce e da sabedoria, patrono das artes e protetor da humanidade), avisa Utnapishtim em um sonho das intenções de Enlil e orienta-o de como sobreviver à catástrofe que estaria por vir:
“... põe abaixo tua casa e constrói um barco. Abandona tuas posses e busca tua vida preservar; despreza os bens materiais e busca tua alma salvar. Põe abaixo tua casa, eu te digo, e constrói um barco. Eis as medidas da embarcação que deverás construir: que a boca extrema da nave tenha o mesmo tamanho que seu comprimento, que seu convés seja coberto, tal como a abóbada celeste cobre o abismo; leva então para o barco a semente de todas as criaturas vivas. (...) Eu carreguei o interior da nave com tudo o que eu tinha de ouro e de coisas vivas: minha família, meus parentes, os animais do campo – os domesticados e os selvagens – e todos os artesãos”.(SANDARS, 1992, p. 149-151).
“Faze uma arca de tábuas de cipreste; nela farás compartimentos, e a calafetarás com betume por dentro e por fora. Deste modo a farás: de trezentos côvados será o comprimento, de cinqüenta a largura, e a altura de trinta. Farás ao seu redor uma abertura de um côvado de alto; a porta da arca colocarás lateralmente; farás pavimentos na arca: um em baixo, um segundo e um terceiro”. (GENESIS, cap. 6, ver 14-16).
“… entrarás na arca, tu e teus filhos, e tua mulher, e as mulheres de teus filhos. De tudo o que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares contigo”.(GENESIS, cap. 6, ver. 18).
Enlil então envia uma tempestade de grandiosas proporções, fazendo com que toda a terra desaparecesse sobre as águas:
“Caiu a noite e o cavaleiro da tempestade mandou a chuva.(...) Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria como dois exércitos em guerra.” (SANDARS, 1992, p. 151-153).
“… nesse dia romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as portas do céu se abriram, e houve copiosa chuva sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites”.(GENESIS, cap. 7, ver. 11-12).
E toda a humanidade foi exterminada:
“… agora eles (humanos) flutuam no oceano como ovas de peixe”. (SANDARS, 1992, p. 152).
“Assim foram exterminados todos os serem que havia sobre a face da terra …” (GENESIS, cap. 7, ver. 23).
Com o passar dos dias, a tempestade ameniza-se e o dilúvio começa a serenar:
“Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou”.(SANDARS, 1992, p. 153).
“Deus fez soprar um vento sobre a terra e baixaram as águas. Fecharam-se as fontes do abismo e também as comportas dos céus, e a copiosa chuva do céu se deteve”. (GENESIS, cap. 8, ver. 1-2).
Após a calmaria do grande oceano que se formara, Utnapishtim solta uma pomba para ver se há terra firme para que então possa desembarcar:
“Na alvorada do sétimo dia eu soltei uma pomba e deixei que se fosse. Ela voou para longe; mas, não encontrando lugar para pousar, retornou. Então soltei uma andorinha, que voou para longe; mas, não encontrando lugar para pousar, retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que as águas haviam abaixado; ela comeu, voou de uma lado para outro, grasnou e não mais voltou para o barco”.(SANDARS, 1992, p. 153).
“Ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela que fizera na arca, e soltou um corvo, o qual, tendo saído, ia e voltava, até que se secaram as águas sobre a terra. Depois soltou uma pomba para ver se as águas teriam já minguado da superfície da terra; mas a pomba, não achando onde pousar o pé, tornou a ele para a arca; porque as águas cobriam ainda a terra. Noé, estendendo a mão, tomou-a e a recolheu consigo na arca. Esperou ainda outros sete dias, e de novo soltou a pomba for a da arca. A tarde ela voltou a ele; trazia no bico uma folha nova de oliveira; assim entendeu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra. Então esperou ainda mais sete dias, e soltou a pomba; ela, porém, já não tornou a ele”.(GENESIS, cap. 8, ver. 6-12).
Após a bonança, já em terra firme e grato ao deus Ea por ter lhe salvo a vida, Utnapishtim prepara um sacrifício aos deuses:
“Eu então abri todas as portas e janelas, expondo a nave aos quatro ventos. Preparei um sacrifício e derramei vinho sobre o topo da montanha em oferenda aos deuses”.(SANDARS, 1992, p. 153).
“Então Noé removeu a cobertura da arca, e olhou, e eis que o solo estava enxuto”.(GENESIS, cap. 8, ver 13).
“Levantou Noé um altar ao Senhor, e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar”.(GENESIS, cap 9, ver 20).

Enlil, furioso com Ea por ter permitido que um humano sobrevivesse e conhecendo o segredo dos deuses, viu-se sem alternativa que não a de transformar Utnapishtim em um imortal, para que sua maldição de que nenhum mortal sobrevivesse se completasse.
Gilgamesh desapontado por não ter tido sucesso em busca da imortalidade, prepara seu retorno para Uruk, mas é abordado pela esposa de Utnapishtim que, compadecida com o fracasso do herói, revela-lhe o segredo da imortalidade em que, nas profundezas do mar, havia uma planta maravilhosa, e quem a comesse, seria eternamente jovem. O herói então mergulha no mar profundo, ferindo-se, mas obtendo a tão desejado segredo.
Tomado de rara compaixão, Gilgamesh decide não comer sozinho o maravilhoso fruto, mas sim dividi-lo com os anciãos da cidade de Uruk. No retorno para casa, Gilgamesh é surpreendido por uma serpente marinha que lhe rouba a flor, perdendo para sempre o segredo da imortalidade:
“Se conseguires pegá-la (a planta sagrada), terás então em teu poder aquilo que restaura ao homem sua juventude perdida. (…) Vem ver esta maravilhosa planta. Suas virtudes podem devolver ao homem toda a sua força perdida. (...) mas nas profundezas do poço havia uma serpente, e a serpente sentiu o doce cheiro que emanava da flor. Ela saiu da água e a arrebatou”.(SANDARS, 1992, p. 160).
Apesar dos fins da ação de comer o fruto sejam diferentes (a morte e a imortalidade), podemos fazer uma analogia da função da serpente em roubar a imortalidade do homem: sendo tirando-lhe a oportunidade da vida eterna pela sua obtenção, como na Epopéia de Gilgamesh; sendo condenando-lhe a morte pela cessão do fruto ao homem, como no livro do Gênesis. Gilgamesh então ficou desolado e abatido, pois além de fracassar em sua missão, perdera para sempre o irmão Enkidu, restando-lhe apenas, melancolicamente esperar o dia de sua morte chegar.
No livro do Gênesis, não encontramos somente semelhanças com a Epopéia de Gilgamesh, mas com outros textos antigos, como o sumeriano Mito de Dilmum onde o deus Enki, o senhor das águas profundas e do abismo que suporta a terra; e Nintu, a virgem pura, deusa que presidia aos partos; habitavam sozinhos num mundo cheio de delícias sem que nada existisse além do par divino, caracterizando uma descrição muito semelhante do que seria e onde seria o jardim Éden:
“E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. (...) E saía um rio do Éden para regar o jardim, e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços. (...) O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates”. (GENESIS, cap. 2, ver. 8-14).

5. Considerações finais.
É impossível afirmar a influência direta da Epopéia de Gilgamesh sobre a escrita do livro do Gênesis, pois tanto um como o outro poderiam ter sido influenciados por histórias ainda mais antigas e difundidas no Oriente, ao mesmo tempo em que é inegável que o mundo situado entre o Mediterrâneo e os Montes Zargos, onde havia intensa circulação de mercadores de diferentes etnias e religiões variadas, era pequeno demais para descartar qualquer influência cultural entre eles.
Os hebreus, possivelmente muito antes de seus períodos de cativeiro na Babilônia e Assíria, já tiveram contato com as lendas e mitos sumério-acadianos e que por várias razões, os utilizaram na formulação de suas próprias lendas, o que sugere que seu deus, Jeová, toma por empréstimo características de deuses como Anu, Enlil e Ea, seja criando a terra e o homem, seja julgando-os por seus atos, seja compadecendo-se de seu povo e os protegendo.
Acreditamos ser impossível obter conclusões definitivas sobre as influências de um texto sobre o outro, ou principalmente, da formação de um pensamento religioso sem a existência do pensamento antecessor, sem que se faça juízo de valores como é recomendado a um historiador, mas ao se estudar o contexto em que o Gênesis é idealizado e escrito, tomando aqui, palavras de Finkelstein e Silberman, observa-se que "a saga histórica contida na Bíblia (...) não foi uma revelação miraculosa, mas um brilhante produto da imaginação humana”.10

Notas

1SANDARS, N. K. A epopéia de Gilgamesh. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 11-12.
2Os 5 primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
3GRELOT, P. Homem quem és? São Paulo: Edições Paulinas, 1980, p. 14.
4CHARTIER, Roger. Textos, impressão, leituras. In: HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992. p. 211-238.
5FINKELSTEIN, Israel; SILBERMAN, Neil Asher. The Bible Unearthed. Archaeology's New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. New York: The Free Press, 2001, p. 38.
6TIGAY, Jeffrey. On the evolution of the Gilgamesh epic. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1982, p. 11.
7ZILBERMAN, Regina. Nos princípios da epopéia: Gilgamesh. In: BAKOS, Margaret Marchiori; POZZER, Katia Maria Paim. JORNADA DE ESTUDOS DO ORIENTE ANTIGO: LÍNGUAS ESCRITAS E IMAGINÁRIAS, 3., 1997, Porto Alegre. Anais ... trabalho 4. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 58.
8BOUZON, Emanuel. Ensaios babilônicos: sociedade, economia e cultura na Babilônia pré-cristã. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 126.
9CHARPIN, Dominique. El mundo de la biblia: Mesopotamia y la biblia. Valencia: EDICEP, 1984, p. 9.
10FINKELSTEIN; SILBERMAN. The Bible ... 2001. p. 13.

Referências Bibliográficas

BÍBLIA, V. T. Gênesis. Português. A bíblia sagrada. Tradução João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969. Cap. 1-9.
BÍBLIA, V. T. Gênesis. Português. A bíblia de Jerusalém. Tradução Theodoro Henrique Maurer Jr.. São Paulo: Edições Paulinas, 1985. Cap. 1-9.
BOUZON, Emanuel. Ensaios babilônicos: sociedade, economia e cultura na Babilônia pré-cristã. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998.
CHARPIN, Dominique. El mundo de la biblia: Mesopotamia y la biblia. Valencia: EDICEP, 1984.
CHARTIER, Roger. Textos, impressão, leituras. In: HUNT, Lynn. A nova história cultural. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
FINKELSTEIN, Israel; SILBERMAN, Neil Asher. The Bible Unearthed. Archaeology's New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. New York: The Free Press, 2001.
GRELOT, P. Homem quem és? São Paulo: Edições Paulinas, 1980.
SANDARS, N. K. A epopéia de Gilgamesh. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
ZILBERMAN, Regina. Nos princípios da epopéia: Gilgamesh. In: BAKOS, Margaret Marchiori; POZZER, Katia Maria Paim. JORNADA DE ESTUDOS DO ORIENTE ANTIGO: LÍNGUAS ESCRITAS E IMAGINÁRIAS, 3., 1997, Porto Alegre. Anais ... trabalho 4. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998.

Referências Eletrônicas

http://www.klepsidra.net/klepsidra23/gilgamesh.htm
http://artedartes.blogspot.com/2008/06/mistrios-da-epopia-de-gilgamesh.html
http://iraqipages.com/
CLOUGH, Brenda W. A short discussion of the influence of the Gilgamesh Epic on the bible. Disponível em http://www.sff.net/people/Brenda/gilgam.htm, 1999. Acesso em: 27 jul. 2003.
CORREA, Maria Isabelle Palma Gomes. Mitos Cosmogônicos: Suméria e Babilônia. Disponível em http://www.galeon.com/projetochronos/chronosantiga/isabelle/Sum_indx.html, 200-. Acesso em: 18 ago. 2003.
LOPES, Fabiano Luis Bueno. Exílio e retorno dos judeus na Babilônia. Disponível em http://www.galeon.com/projetochronos/chronosantiga/fabiano/fab_ind.htm, 200-. Acesso em: 18 ago. 2003.
SUBLETT, Kenneth. Epic of Gilgamesh. Disponível em http://www.piney.com, 2003. Acesso em: 27 jul. 2003.

Sonho pode apagar memórias negativas

SABINE RIGHETTI
Qual a receita para apagar uma memória dolorosa? O tempo, claro --incluindo o tempo gasto no sono e nos sonhos. É o que sugere uma pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA).
De acordo com os cientistas, os processos químicos cerebrais durante o sonho ajudam a filtrar as experiências emocionais negativas.
É na fase de sonhos do sono, conhecido como REM (sigla inglesa para "rapid eye movement", ou movimento rápido do olho), que o cérebro trabalha as experiências emocionais. Essa fase equivale a 20% de uma noite.
O estudo dos EUA contou com 34 jovens saudáveis, divididos em dois grupos.
Metade viu 150 imagens "fortes" na parte da manhã e à noite -eles ficaram acordados entre as sessões. A outra metade dormiu uma noite entre as visualizações (veja infográfico acima).
Os pesquisadores observaram que aqueles que dormiram entre as visualizações relataram uma reação emocional melhor às imagens.
Além disso, exames de ressonância magnética dos participantes enquanto dormiam mostraram uma redução na atividade da amígdala (região cerebral que processa as emoções) no sono profundo.



REM
"Esse é o resultado mais interessante do trabalho. Não havia ainda uma relação comprovada entre sono REM e redução da atividade da amígdala", analisa o neurocientista Sidarta Ribeiro, da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Os resultados sinalizam a importância do sonhar. "O estágio do sonho é uma espécie de terapia durante a noite", explica Matthew Walker, principal autor do estudo que está na "Current Biology".
O trabalho também indica porque as pessoas com estresse pós-traumático, como veteranos de guerra, sofrem com pesadelos.
A "terapia noturna" não funciona direito em pessoas traumatizadas, pois o sono REM costuma ser interrompido recorrentemente.
Ao dormir, a pessoa revive o trauma porque a emoção não foi devidamente arrancada da memória no sono.
Os pesquisadores também registraram a atividade do cérebro dos participantes enquanto eles dormiam, usando eletroencefalograma.
Durante o sono REM, a atividade cerebral diminui. Isso indica que a queda de estresse no cérebro ajuda a processar as reações emocionais às experiências do dia.
"Durante o sono REM há uma diminuição dos níveis de norepinefrina, um neurotransmissor associado ao estresse", explica Walker.
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley têm trabalhado há algum tempo ligando o sono ao aprendizado, à memória e à regulação do humor. Mas ainda não há um consenso científico sobre a função do sonho na saúde das pessoas.
Até a publicação de "A Interpretação dos Sonhos", de Sigmund Freud, concluída no final do século 19, os sonhos eram vistos como premonições ou eram relacionados a problemas digestivos.
Freud lançou a ideia de que o sonho tinha uma ligação com o processamento inconsciente das emoções.
"Hoje, fazemos trabalhos que têm a ver diretamente com o que Freud estudou, mas de maneira mais aprofundada", explica Ribeiro.

Estudo revela arte egípcia muito antes da época dos faraós

As pirâmides e a Esfinge podem parecer antigas, mas seus milênios de existência ficam pequenos perto da idade de obras de arte egípcias que acabam de ser datadas por arqueólogos: 15 mil anos, no mínimo, e talvez mais. São gravuras de auroques (Bos primigenius), bois selvagens comuns em boa parte do Velho Mundo na Idade da Pedra. Uma equipe liderada por Dirk Huyge, dos Museus Reais de Arte e História de Bruxelas, é a responsável por achar os desenhos em Qurta, no sul do Egito.

Coincidência ou não, é o mesmo período em que europeus da Idade da Pedra estavam produzindo pinturas e gravuras rupestres requintadas, em cavernas como a de Altamira, na Espanha, e a de Lascaux, na França.
Huyge e seus colegas relatam a descoberta na última edição da revista científica "Antiquity", especializada em arqueologia. É o primeiro registro confirmado de arte egípcia da Era do Gelo.
Por causa do estilo e dos temas das gravuras em pedra, os pesquisadores já desconfiavam que as imagens datavam da Idade da Pedra.
Para confirmar isso com precisão, usaram duas técnicas diferentes, com a ajuda de geólogos da Universidade de Ghent, também na Bélgica.

O que acontece é que sedimentos carregados pelo vento foram se acumulando em cima das gravuras, feitas numa escarpa de arenito perto do rio Nilo.
Uma das técnicas consegue dizer quando foi a última vez que os grãos de sedimento foram expostos à luz solar, o que dá uma idade mínima para a gravura, pois o sedimento foi parar lá depois de os desenhos serem feitos.
Além disso, havia restos orgânicos nesses sedimentos (coisas como ossinhos de camundongos e aves), os quais também puderam ser datados pelo método do carbono-14, um "relógio" radioativo que funciona justamente com matéria orgânica.
Foi daí que veio a data mínima de 15 mil anos, embora o acúmulo de sedimentos possa ter começado antes, dizem os especialistas.
Huyge e companhia levantam a possibilidade de contato cultural indireto entre os egípcios e os europeus da Era do Gelo, por causa da semelhança de temas e estilos entre a arte dos dois lugares.
Se a ideia estiver correta, o Mediterrâneo da Idade da Pedra já estava interligado. Como o nível do mar na época era 100 metros mais baixo, seria mais fácil viajar por terra ou por barco.
Membro da equipe de escavação ao lado das gravuras egípcias que foram encontradas em Qurta.




Trem atropela e mata três na zona leste de SP


Acidente aconteceu na Radial Leste, na madrugada deste domingo.
Vítimas caminhavam nos trilhos, diz companhia.
 Uma pessoa ficou ferida e três morreram, atropeladas por um trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na madrugada deste domingo, na região do Brás, zona leste São Paulo.
Seis carros do Corpo de Bombeiros foram enviados ao local, onde três vítimas não resistiram e morreram. Uma pessoa foi socorrida pelo Samu ao pronto-socorro Tatuapé.
Segundo informações da Polícia Militar, o acidente aconteceu por volta das 4h30, na avenida Alcântara Machado, no Brás. Os homens seriam funcionários terceirizados que prestam serviços para a CPTM.
O caso será investigado pela Polícia Ferroviária. A assessoria de imprensa da CPTM confirmou as mortes mas, até as 8h30, não tinha maiores detalhes de como ocorreu o acidente. 

Bruce Dickinson pensa em abrir empresa de aviação


Bruce Dickinson, líder do Iron Maiden, afirmou que planeja abrir sua própria empresa de aviação, após a companhia aérea Astraeus, para a qual trabalhava, declarar falência.
A Astraeus foi obrigada a parar de voar após lucrar menos do que esperava durante o verão.
Dickinson, que pilotou o último voo da companhia, disse que trabalha em um plano para salvar a companhia aérea. "Ou, ao menos, criar um novo negócio com novos empregos para meus amigos e ex-colegas da Astraeus", disse o músico.
Sites oficiais: Bruce Dickinson
              Iron Maiden

Black Sabbath volta à ativa com formação original


Após 33 anos de separação, banda anunciou novo disco e turnê mundial para 2012

Agora é oficial: o Black Sabbath está de volta e com Ozzy Osbourne nos vocais. Depois de 33 anos de separação, Ozzy Osborne, ao lado do guitarrista Tony Iommi, do baixista Geezer Butler e do baterista Bill Ward, anunciou na sexta-feira dia 11 de novembro, o retorno da banda as suas atividades musicais com sua primeira formação.
Para anunciar a volta, a banda tinha convocado, uma semana antes, jornalistas para uma coletiva de imprensa. Os quatro membros da formação original do grupo receberam a imprensa no lendário Whisky A Go Go, em Los Angeles, mesmo local onde o grupo tocou pela primeira vez nos Estados Unidos, justamente no dia 11 de novembro de 1971.
Para o retorno, a banda anunciou um novo disco para 2012. O Álbum terá produção de Rick Rubin. Embalados pelas novas músicas, os roqueiros sairão em turnê mundial com apresentações dividas entre as novas canções e os grandes clássicos do Black Sabbath. O show de retorno da banda ocorrerá no dia 12 de junho de 2012 durante o festival Download Fest em Leicestershire, Inglaterra. Nesse mesmo o festival, o Metallica apresentará a íntegra de seu disco homônimo, conhecido também como "Álbum Preto". Não foram dados detalhes sobre a turnê mundial, mas os locais e as datas devem ser anunciados em breve.
Os boatos de reunião da banda começaram quando o site do tabloide britânico Birmingham Mail publicou em agosto a notícia bombástica de que o Black Sabbath estava ensaiando para uma turnê e preparando um novo álbum. "Estamos muito ansiosos e acho que as novas composições são muito boas. Parece com o som original", disse Iommi, que afirmou que a reunião tem sido guardada como segredo há um bom tempo.
Posteriomente, Iommi se disse indignado que essa informação tivesse vazado, já que havia relevado tudo isso a um jornalista informalmente, não em uma entrevista. Em outubro, Ozzy Osbourne disse em entrevista ao site da revista Billboard que “sim, há uma possibilidade muito, muito forte” de a banda voltar. A última reunião do grupo com Ozzy, em 1997, gerou o álbum ao vivo Reunion (1998), que continha duas canções inéditas de estúdio, "Psycho Man" e "Selling My Soul". A versão de "Iron Man" do disco ganhou o Grammy em 2000 por melhor performance de metal.
A formação original separou-se em 1979, após Ozzy ser demitido por causa de sua dependência de álcool e drogas. Eles voltaram a se reunir no festival Ozzfest, em 1997. Na última parte do show, Iommi, Butler e Ward apareceram no palco para tocar algumas canções clássicas da banda.


Confira mais notícias no site oficial da banda: http://www.blacksabbath.com/

Ozzy Osbourne, a vida desse Rock Star

Ozzy, aos vinte anos montou sua primeira banda, o "The Polka Tulk Blues Band" e logo depois apenas Polka Tulk, que mais tarde ganhou o nome de Earth. No repertório, blues e rock com influências das bandas Cream, Blue Cheer e Vanilla Fudge, recebe a alcunha de "Pai do Heavy Metal", sendo assim idolatrado.
Em 1969, após descobrir a existência de uma banda homônima, Anthony "Tony" Iommi (guitarra), William "Bill" Ward (bateria), John "Ozzy" Osbourne (vocais) e Terence "Geezer" Butler (baixo) decidem adotar outro nome. A idéia surgiu a partir do título de uma história do escritor Dennis Wheatley (que também inspirou a composição de Butler), nascendo então o Black Sabbath.
O nome e a temática do Black Sabbath surgiu quando todos os integrantes andavam pela "cidade natal" da banda. Quando passaram em frente a um cinema no qual estava passando um filme de terror. Ozzy e Tony pensaram "As pessoas pagam para ver isso? Para sentir medo? Pode ser que dê certo" e então puseram o nome do filme na banda e desde então compuseram músicas sobre a morte, o Diabo e coisas do gênero.

Após nove anos junto ao Black Sabbath, o oitavo álbum da banda, “Never Say Die!” (1978), veio para marcar a saída de Ozzy. Decidido a seguir carreira solo, ele forma o Blizzard of Ozz juntamente com o guitarrista Randy Rhoads, o baixista Bob Daisley e o baterista Lee Kerslake, sendo que o primeiro álbum, de mesmo nome, foi lançado na Inglaterra em fita demo, no ano de 1980 e nos EUA e no resto do mundo, no ano seguinte, pelo selo Jet Records, da CBS.
O vocal personalíssimo de Ozzy somado ao talento inovador de Randy Rhoads renderam a sétima posição na parada inglesa e a vigésima primeira na norte-americana para os hits “Crazy Train” e “Mr. Crowley”. Impulsionados pelo sucesso nas vendas de seu debute, entre fevereiro e março de 1981, Ozzy e a banda voltaram ao estúdio para a gravação de seu segundo álbum, mas como a turnê do trabalho anterior estava pendente, o já intitulado “Diary of a Madman” acabou feito às pressas. O ensaio do solo de Rhoads na música “Little Dolls”, por exemplo, virou versão oficial. Além do que, nenhum dos integrantes da banda chegou a participar da mixagem final do álbum. 

Para a turnê norte-americana - que acabou acontecendo somente um mês e um dia após a gravação do “Blizzard of Ozz” -, Tommy Aldridge (baterista) e Rudy Sarzo (baixo) substituíram Daisley e Lee Kersbglake. Devido a grande vendagem do álbum - que alcançou 500 mil cópias em menos de cem dias, Ozzy e Sharon decidiram estender a turnê, porém, muitos shows tiveram que ser cancelados, já que pouquíssimos ingressos foram vendidos e o dinheiro arrecadado não foi suficitente nem para pagar a banda.
Com o lançamento do segundo álbum, deu-se início a turnê pela Europa, só que três apresentações depois, Ozzy teve um colapso nervoso e todos retornaram aos EUA para que ele pudesse descansar. Recuperado e com uma super produção de 25 técnicos da Broadway e Las Vegas, recursos de última geração para o palco e seis mil cópias do primeiro álbum sendo vendidas a cada semana, Ozzy voltou à ativa.
É bom destacar que foi nessa época um dos acontecimentos que mais marcou a carreira do artista. Tudo aconteceu quando um fã, durante o show, atirou um morcego ao palco e Ozzy, acreditando se tratar de um artefato de plástico, mordeu a cabeça do animal e acabou tendo que tomar várias injeções anti-rábicas. O medicamento causou-lhe choques anafiláticos, entre outros problemas de saúde. Chegou-se até a ser divulgada a sua morte, que foi desmentida pelo próprio vocalista. Em resposta, Ozzy Osbourne, de forma irônica, disse saber que pessoas podem morrer de raiva após serem mordidas por morcegos, mas que nunca ouviu falar que alguém pode morrer de raiva por ter mordido um morcego. Além disso, a grande repercussão por parte da imprensa sensacionalista levou entidades de proteção aos animais a protestarem contra os shows, inclusive, alguns tiveram que ser cancelados. Mesmo com tantos incidentes, a turnê continuou.
Em meio à ascensão pungente da banda, um fato trágico estava por vir. No dia 19 de março de 1982, durante uma parada na viagem que levaria Ozzy a Orlando (Flórida) para um show, parte da banda decidiu descansar a bordo do ônibus e o motorista, que também tinha licença para pilotar, convidou Jake Duncan e Don Airey para fazer um passeio aéreo e ao aterrissar, estendeu o convite a Randy Rhoads e Rachel Youngblood (maquiadora).
Acredita-se que o piloto, ressentido pelo conturbado divórcio, tenha visto sua ex-esposa entrando no ônibus e decidiu lançar o avião contra o veículo. O ônibus onde estavam Ozzy, sua esposa e outros membros da banda não ficou muito danificado e ninguém ficou ferido, mas o avião explodiu, matando todos os passageiros. Ozzy entrou em profunda depressão com a perda de Randy Rhoads (seu melhor amigo) e decidiu adiar seus planos para o lançamento de um álbum ao vivo com o material gravado durante os shows, optando por uma coletânea de clássicos do Black Sabbath com o guitarrista Brad Gillis (Night Ranger), que ganhou o nome de “Speak of the Devil” nos EUA e “Talk to the Devil”, na Inglaterra.
Livre dos compromissos com a Jet Records, Ozzy assinou contrato com a Epic Records e Sharon decidiu que seria interessante um pouco de publicidade. A idéia inicial era que Ozzy soltasse duas pombas durante um encontro com os executivos da gravadora só que, a despeito dos acontecimentos com o morcego, Ozzy libertou uma das pombas e arrancou a cabeça da outra a dentadas.

Estrela de Ozzy na Calçada da Fama (Hollywood Walk of Fame)No final de 1983, com Jake E. Lee à frente das guitarras, Ozzy grava o “Bark at the Moon”, que apesar das críticas positivas, embarcou nos modismos da época com constantes aparições na MTV e uma turnê com o Mötley Crüe, deixando para trás o classicismo das composições de Randy Rhoads. Muito longe dos palcos, em outubro de 1984, John M. de 19 anos comete suicídio e, de acordo com a polícia, a música “Suicide Solution” ainda tocava em seus fones de ouvido quando o corpo fora encontrado. Dois anos depois, três processos de incitação ao suicídio vieram à tona e, em janeiro de 1986, através de seu advogado Thomas Anderson, a família de John acusou Ozzy de no documentário “Don’t Blame Me”, utilizar uma técnica conhecida como “Hemisync”, que consiste em sincronizar as ondas de ambos os hemisférios cerebrais para se atingir estados alterados de consciência, tornando o ouvinte aberto às sugestões e capaz de vívidas alucinações. O processo durou praticamente um ano e foi arquivado pela Suprema Corte da Califórnia. Curiosamente, a música “Suicide Solution”, escrita após a morte de Bon Scott (vocalista do AC/DC) por hipotermia, após dormir bêbado em seu carro durante uma noite de inverno, adverte sobre os perigos do consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
Nesse mesmo ano, Ozzy lança o álbum “The Ultimate Sin” com a substituição de Tommy Aldridge por Randy Castillo e de Bob Daisley por Philip Soussan. Apesar do sucesso da música “Shot in the Dark”, o álbum é considerado medíocre pela maioria da crítica e pelo próprio vocalista. Já em 1987, motivada pelas centenas de cartas de fãs interessados em material inédito do guitarrista, a mãe de Randy Rhoads entra em contato com Ozzy que decide reunir seus arquivos e enviá-los a Max Norman – produtor de seus três primeiros álbuns. O resultado foi o lançamento do tributo a Randy Rhoads (“Tribute”).
Apesar do sucesso, eram freqüentes as discussões entre Lee e Ozzy devido ao péssimo comportamento do vocalista, cada vez mais envolvido com bebidas e drogas. Fatos que levaram a substituição do guitarrista por Zakk Wylde, pouco antes da gravação do “No Rest for the Wicked”. O álbum, por sua vez, obteve críticas excelentes e além do sucesso de “Crazy Babies” e “Breaking All the Rules”, destacou-se a música “Miracle Man”, onde Ozzy critica a hipocrisia de Jimmy Swaggart - pastor evangélico que fazia pregações contra ele em seu programa de TV, e que alguns anos depois foi descoberto frequentando um motel com prostitutas.
No final da década de 80, foi cogitada uma reunião histórica entre Ozzy e Black Sabbath, após uma apresentação em Donington, Inglaterra (apresentação que valeu a saída do vocalista Dio), mas problemas entre Sharon e os empresários do Sabbath impediram uma reunião definitiva.
Em março de 1990, Geezer se juntou a Ozzy para o lançamento do álbum “Just Say Ozzy” que combinava canções do “No Rest for the Wicked” e sucessos do Black Sabbath. O ano seguinte foi de grandes mudanças na vida pessoal do artista, já que Ozzy começou uma árdua batalha contra o alcoolismo. Reflexos dessa iniciativa ficaram nítidos em seu álbum subsequente, “No More Tears”, repleto de baladas (“Mama, I'm Coming Home” e “Time After Time”), letras autobiográficas (“Road to Nowhere”) e discussões sobre assuntos relevantes como, por exemplo, o abuso sexual de crianças ("Mr. Tinkertrain").  Os frutos dessa iniciativa se confirmaram através do Grammy de melhor música para “I Don't Want to Change the World”. Além de surpreender todos com essa nova postura, Ozzy intitulou sua turnê de “No More Tours” (“Sem mais turnês”), o que levou seus fãs a crerem que aquele seria seu último álbum. Em várias entrevistas, ele afirmava que estava cansado das viagens e gostaria de ficar mais com a família. Na época, acompanhado pelo guitarrista Zakk Wylde, o baterista Randy Castillo e o baixista Mike Inez, o "madman" chegou a cancelar shows devido à síndrome de abstinência da bebida. Isso não impediu que algumas apresentações fossem compiladas e transformadas em um álbum duplo (e seu respectivo vídeo), o “Live and Loud”.
Em novembro de 1992, na Califórnia, durante o show que seria um dos últimos da turnê (e da carreira de Ozzy), todos os membros originais do Black Sabbath surpreenderam o público ao entrar no palco e apresentar quatro clássicos: “Black Sabbath”, “Fairies Wear Boots”, “Iron Man” e “Paranoid”. Ao final do espetáculo, um painel de fogos de artifícios explodia na seguinte frase: "I'll be back" ("Eu voltarei"). Um vídeo foi gravado somente com as músicas resultantes da inusitada apresentação dos membros do Sabbath, e a turnê rendeu além de milhares de dólares, presenças ilustres como: Nicolas Cage, Rod Stewart e Vince Neil e, em 1993, Ozzy estava oficialmente aposentado. Em 1992 Ozzy Osbourne ficou nas paradas com a música "Mama, I'm Coming Home".
A aposentadoria não durou muito e, mesmo levando alguns fãs a crer que tudo não havia passado de uma jogada de marketing, Ozzy decidiu reunir novamente sua banda. Em 1995, era lançado o “Ozzmosis”, produzido por Michael Beinhorn. A princípio, Zakk Wylde (ocupado com sua banda Pride and Glory) dividiria seu posto com Steve Vai, só que devido a problemas com a gravadora, apenas a música “My Little Man” tem a participação de Vai. A turnê, por sua vez, levou o sugestivo nome de “Retirement Sucks” - alusão, ou melhor, explicação ao retorno de Ozzy. Zakk foi convidado a participar da turnê, mas por estar negociando com o Guns and Roses acabou sendo substituído por Joe Homes (ex-David Lee Roth). Geezer Buttler também não durou muito (devido a problemas familiares) e deu lugar a Robert Trujillo.
Osbourne em 2008Além da turnê, no final de 1996, Ozzy e Sharon promoveram a primeira edição do OzzFest, onde se apresentaram (entre outros): Sepultura, Slayer, Powerman 5000, Biohazard, Fear Factory e Cellophane. No ano seguinte (1997), o OzzFest ganhou uma segunda edição com dois palcos, onde se apresentaram bandas das mais diversas vertentes do metal. No palco principal: Powerman 5000, Fear Factory, Type O Negative, Pantera, Ozzy Osbourne (Mike Bordin, Robert Trujillo e Joe Holmes), Black Sabbath (Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler) e Marilyn Manson (que foi retirado de algumas apresentações devido à pressão das autoridades). No segundo palco, bandas mais undergrounds como: Drain S.T.H., Machine Head, Coal Chamber e Neurosis.
De volta ao estúdio, Ozzy gravou uma coletânea com seus grandes sucessos (The Ozzman Cometh: Greatest Hits, 1997), além de três músicas inéditas, sendo uma delas “Back on Earth” em parceria com Steve Vai. Não satisfeito, ele decidiu reunir os membros originais do Black Sabbath e gravar um álbum ao vivo, o Reunion (lançado em 1998) e ainda fazer um dueto com o rapper Busta Rhymes re-editando o clássico "Iron Man", que ganhou o nome de “This Means War!!” e faz parte da coletânea Extinction Level Event (The Final World Front). O OzzFest continuou e, na edição de 1998, participaram Ozzy, Tool, Soulfly, Coal Chamber, Limp Bizkit, Sevendust, Motorhead, Incubus, Life of Agony, Snot, Ultraspank, entre outras bandas - pois o festival ganhou uma versão européia. Em 1999, o Black Sabbath - que continuava em turnê -, ainda era a principal atração do OzzFest, mas rumores afirmavam que aqueles seriam os últimos shows da banda. Paralelamente, Ozzy lançou bonecos e apetrechos temáticos, seguindo os passos de bandas como Kiss.
As 29 apresentações (em cidades diferentes) do OzzFest 2000 foram um sucesso. Ozzy era a atração principal, seguido por ícones como Pantera, Godsmack, System of a Down Methods of Mayhem e P.O.D.. Em 2001, surgiu a notícia que o Black Sabbath estava prestes a gravar um novo álbum em estúdio, sucessor do Never Say Die de 1978, com produção de Rick Rubin. Infelizmente, a gravadora Epic cancelou os projetos de Ozzy até que ele terminasse seu novo trabalho solo. Para evitar problemas, os fãs foram "calados" pela coletânea dupla “Ozzfest: Second Stage Live” que incluía a maioria das bandas que participaram do festival em 2000, além de raridades do primeiro OzzFest, em 1996. No final de 2001, Down to Earth foi lançado e pela décima quarta vez Ozzy recebeu o "disco de ouro" da R.I.A.A por atingir 500 mil cópias vendidas. Em 2002, a MTV americana começou a apresentar The Osbournes - uma espécie de reality show gravado na casa de Ozzy, onde câmeras registraram seis meses de convivência familiar do roqueiro, sua esposa e filhos. Em 12 de abril, Ozzy recebeu uma estrela na calçada da fama em Hollywood, além de ser convidado para um jantar na Casa Branca, com o objetivo de promover seu trabalho de proteção aos animais.
Em 2007 foi lançado o álbum Black Rain, muito bem aceito pela critica e fez Ozzy ser eleito o maior ícone da música.
Em 2008 Ozzy fez um show no Brasil, recebeu também o prêmio de lenda viva pelo Classic Rock Awards, na Inglaterra. Recentemente, Ozzy Osbourne gravou um comercial sobre World of Warcraft. No comercial, mostra Ozzy Osbourne em frente ao Lich King decidindo quem é o principe das trevas.